As novas 'Marias' de Portugal
por PATRÍCIA JESUS, DN
Tem 41 anos, foi mãe aos 28 e trabalha mais que as outras europeias. É este o retrato da 'portuguesa média'.
Silvana teve o seu único filho aos 28 anos, dez anos depois de vir de Tondela para Lisboa para trabalhar. Tinha então apenas o sexto ano de escolaridade e empregou- -se na hotelaria. A quatro meses de fazer 41, encaixa perfeitamente no perfil da "portuguesa média", desenhado pelas estatísticas - na idade, número de filhos, emprego nos serviços.
Ou seja, a "Maria" do século XXI tem 41 anos, foi mãe pela primeira vez aos 28 anos e tem menos de dois filhos - em 2008, o número médio de filhos por mulher era de 1,37. Se estiver empregada trabalha essencialmente em actividades do sector público e dos serviços sociais e completou, no máximo, o 3º ciclo do ensino básico.
E a confiar nos números médios, Silvana tem ainda mais 42 anos de vida pela frente. Mas pelo menos no que diz respeito à escolaridade, esta mulher que trabalha como governanta num hotel lisboeta está resolvida a alterar a média. Já depois de adulta voltou à escola e espera concluir o curso de Relações Internacionais nos próximos anos.
Trabalhamos mais cinco horas
No entanto, voltar a estudar, para as portuguesas, não é tarefa fácil. É que as empregadas por conta de outrem trabalham 38 horas por semana, mais cinco do que as restantes mulheres europeias. E a média só é mais baixa do que a dos homens, segundo explica o Instituto Nacional de Estatística, porque há mais mulheres a trabalhar a tempo parcial.
Aliás, esta é uma das principais diferenças entre as portuguesas e as outras europeias. A outra é a escolaridade: a cidadã média europeia terminou o secundário e aportuguesa fica-se pelo 9.º ano.
O "português-tipo" também trabalha mais do que os seus colegas nos outros países dos 27 - 41 horas semanais, mais uma do que a média europeia. Está empregado "essencialmente em actividades relacionadas com a indústria, construção, energia e água" e por conta de outrem.
O português médio, tal como a mulher, não foi além do 9.º ano, mas em média ganha mais 136 euros do que ela. Por outro lado, apesar de ser mais novo - tem cerca de 38 anos - só pode esperar mais 39.
Estes são os retratos que o Instituto Nacional de Estatística divulgou ontem, para assinalar o primeiro Dia Mundial da Estatística. "Resulta de uma recolha de diferentes estatísticas, das demográficas às económicas, e são mais indicativos do que informativos", ressalva Filomena Mendes, presidente da Associação de Demografia.
1 comentário:
A política, como a vida, é feita de escolhas, mas os cortes ao abono de família para as crianças de famílias de baixos rendimentos são talvez das mais gravosas do pacote de austeridade do OE-2011.
As mães com filhos pequenos precisam de todo o apoio.
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